Autor : Henrique Bortolai
Estávamos na escuna. Voltando para a pousada. Eu, de longe, pude observar uma coisa: Todos estavam lá, juntos, em roda, conversando, rindo, uns apoiados nos outros dormindo, ouvindo música, observando a paisagem.
E eu sentado na outra extremidade do barco pude ver isso, mesmo sozinho. Fazia parte de um todo, mesmo sentado do outro lado da escuna, longe de todos.
Me sentia dentro de um todo, que não acontece no nosso cotidiano.
Sair do singular pode nos unir. Nos fazer perceber que somos similares em coisas que nós não sabíamos que éramos.
Autor : Beatriz Gozzi
Estava muito calor, meu deus que calor infernal. Mesmo estando de shorts e regata, não estava aguentando.
Nós andamos muito mesmo. Passamos por vários lugares e sempre andando de baixo do sol, e mesmo com o protetor 100 em nosso corpo, ele nos queimava. Paramos, e bebemos água finalmente, eu estava precisando.
Vi pessoas, trabalhando construindo casas, de calça e camiseta, se eu estava com calor imagina eles. Comerciantes de rua carregando um monte de coisas pesadas. Eu carregava apenas minha mochilinha com canetas, um caderninho e meu celular.
O sol me cansa, o sol cansa a eles, sol que nos cansa. O sol me enfraquece, o sol enfraquece a eles, sol que nos enfraquece.
Não é por isso que podemos deixar de trabalhar e estudar,estudar e trabalhar, somos obrigados a fazer isso. Mas não fomos obrigados a estar ali, passeando e aprendendo com os nossos amigos.
Essa viagem foi feita para aproveitarmos, aprendermos de um jeito diferente, apesar do cansaço, da sede e tudo que um dia cheio de sol nos traz. Então continuamos.
Autor: Felipe D'avos
Sentia a areia nos meus pés. Era tão macia que parecia até que ia me engolir.
Não sabia o que sentir realmente, o que sentia era o sol queimando minhas costas, gotas de água salgada percorrendo minha pele.
Talvez a época não fosse boa, apenas queria refletir, mas, como a areia, estava engolido em pensamentos.
Então resolvi andar para frente, aproveitar a viagem, pois sabia que ela iria acabar e eu ia sentir saudades, e não ficar parado sendo lentamente engolido pela areia.
Autor: Caio Chave
A cidade feita pelos escravos, pelas marcas do ouro, do sangue e da terra, construídas sobre minas, histórias de senhores, escravos anônimos.
Uma cidade com pessoas, histórias e posições diversas, sendo seu povo senhores ou escravos, todos agora na posição de cidadãos e formadores da identidade desta região.
O peso da realidade. Meus princípios e ideologias. Estava eufórico.
Queria fugir dali, não podia aguentar o peso de tamanha história. Tamanha angústia que me consumia.
Mas então a beleza deste local me fez parar. mudar minhas opiniões. Sentimentos que me levaram a apenas apreciar a beleza daquele curioso local.
Autores: Helena Rino & Gabriela Brayn
Entramos na escuna. O barco zarpou e nos sentamos na beirada, observando o mar batendo no casco do barco levemente. Nós estávamos no meio de uma música quando ele a interrompe e me pergunta se eu quero ouvir agora.
Rapidamente me recordo da conversa que tivemos na noite anterior. Respondo que sim. Ele, então, me conta tudo. Me pego sem reação. Abracei-o, tentando passar com esse toque tudo o que queria dizer, mesmo que não achasse as palavras certas.
Abracei-o, querendo dizer que estava ali para ele, que não precisa passar por aquilo sozinho. Continuamos assim por um tempo, até que o barco fez uma parada. Quase todos nele desceram e entraram no mar.
Continuamos a bordo, com os fones no ouvido. Mantivemo-nos em silêncio e o som de Lovely passou a ser o único agente responsável pelo preenchimento do vácuo de som. Nenhum de nós tinha ou sabia o que falar.
Ouvindo a voz do cantor, me perco em minhas memórias, me lembrando dos passeios que fizemos durante essa viagem com ele. Nos momentos de pesquisa, diversão… Me pego lembrando das expressões dele, de como ele parecia leve, feliz. Não parecia ter esses problemas. Me sinto com a necessidade de confortá-lo, de ajudá-lo a superar essa dificuldade. Encaro ele, tentando encontrar um meio de comunicar tudo o que pensava naquele momento, quando o barco parou. Levantamos e lá estávamos nós, fingindo. Fingindo que tudo está bem, que nada aconteceu.
Paraty, não há nada igual. Quando chegamos já pude sentir o cheiro do mar, calmo, lindo e suave.
Nós tivemos a incrível oportunidade de embarcar em uma jornada inesquecível, que nos uniu mais que nunca. A escuna era simples, mas era imensa, era coberta por risos e felicidade. Pudemos sentir as ondas, carregando segredos que foram apagados das mentes de pessoas que se dizem inocentes, quebrando e nos levando para a praia.
A areia era tão macia e vibrante, comecei a pensar em cada pessoa que colocou seus pés sobre ela. Talvez seja loucura, mas é a loucura que nos deixa normal. Já imaginou em como chegamos a essa terra, como os outros chegaram? Pode ter sido sofrido o caminho até lá, pode ter sido feliz a sensação de descobrir um lugar novo, isso não podemos dizer, só sei que agora minha visão do mundo é diferente.
Algo tão marcante como isso não irá se apagar igual `a uma simples chama, sei que essa luz é tão forte quanto o brilho do sol, que ia lentamente em direção a Lua e a escuridão.
Autores: Leandra e Letícia
Autor: Leonardo Vieira
Não era uma boa época pra mim e aquela viagem foi um alívio, entende?
Tudo era tão diferente, como se eu fosse um animal, que acabara por passar uma vida toda dentro de uma jaula, e no auge de sua tristeza, fosse liberado, solto na mata. Mas por mais que eu parecesse um peixe fora d'água, me sentia tão bem, era um sentimento de liberdade!
No alto daquele forte, olhava para o horizonte aonde aquele ar de infinidade, desmoronava qualquer tipo de barreira , as fronteiras dos meus olhos não eram capazes de barrar minhas reflexões …
O sol escaldante que debruçou em minha nuca, amoleceu meus sentimentos, retardou momentaneamente minhas percepções , e me acolheu em um universo paralelo, onde aquela hipnotizante paisagem, parecia por me deixar a sós com o mar, apenas, eu e o mar, o mar e eu…